O fogo bacteriano, causado pela bactéria Erwinia amylovora, é uma doença devastadora que afeta principalmente as culturas de peras e maçãs em Portugal. Apesar dos esforços conjuntos dos produtores, organizações e serviços oficiais para implementar medidas de controle eficazes, a doença já se estabeleceu nas principais áreas de produção do país. Pela sua relevância no setor, este mês sistematizamos alguns pontos sobre esta doença:
Principais Sintomas:
1. Ramos “queimados” e murchos: Ramos jovens e pontas das plantas apresentam um aspecto chamuscado, com folhas castanho-escuras ou negras que permanecem secas e agarradas à planta.
2. Murcha e escurecimento de flores e frutos: Flores e frutos jovens murcham repentinamente, tornando-se acastanhados ou pretos, e frequentemente permanecem aderidos à planta.
3. Exsudado bacteriano pegajoso: Em dias húmidos ou de manhã cedo, pode observar-se pequenas gotículas viscosas, de cor esbranquiçada a amarelo-âmbar, sobre a casca, ramos ou frutos infetados.
4. Lesões e cancros nos ramos: Formam-se áreas deprimidas ou gretadas na casca (cancros) nos ramos e no tronco, com tecido abaixo da casca apresentando uma coloração acastanhada-avermelhada devido à infeção.
Áreas Mais Afetadas:
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a mais afetada pelo fogo bacteriano, com especial incidência na zona Oeste, uma das principais áreas de produção de Pera Rocha. De acordo com os dados mais recentes, a zona Oeste conta com cerca de 15 concelhos com todas as suas freguesias contaminadas.
Desafios no Controle:
O controle do fogo bacteriano é difícil devido à falta de tratamento químico eficaz. A doença pode causar graves danos nos hospedeiros suscetíveis, afetando todos os órgãos e, em condições favoráveis, destruir rapidamente toda a árvore. Em muitos casos, o recurso a podas sanitárias não permite salvar as árvores atingidas.
Importância da Vigilância:
Devido à classificação da Erwinia amylovora como organismo nocivo de quarentena, é fundamental manter uma vigilância reforçada nas áreas afetadas para evitar a propagação da doença e proteger a comercialização global de material de propagação vegetativa.
Na Central Frutas do Painho procuramos estar atentos e prevenir, o melhor que conseguimos, para que a aposta nas nossas peras e maças continuem a ser uma aposta de sucesso.
Eng.º Júlio Domingos,
Técnico Responsável de Campo da CFP